quarta-feira, 15 de junho de 2011

squares

i would love to believe
that my best is concealed
by the real world
and there’s someone on the other side
all I do is scream and read books

i try to feel at home
but all I feel is more alone
wooden floors
and I wonder if I’m doing anything right

turning up I end getting hurt
as mysterious as a desert brise
in a room too small for two
we end up in a pillow fight
under sheets and blankets
your hair is so perfect it hurts at times

a toothbrush in a cup
I know it’s not much
falling asleep under neon lights
it can be too much

i sit frozen in front of your home
smiling only because
i’m running scared
whatever happened to 1984?
i’m not in the mood
to bury you eight feet under again
you don’t need a camera
if you’re only inside a picture frame

i drink to my love
and drunk drive you inside my head
i can only say goodbye to your shadow
so please leave the light on
‘cause I’m not as strong as I used to be
give all the shade back to my flashlight

can I call you my own
just before December ends
the snow only keeps me warm
when you’re here
you and me

terça-feira, 14 de junho de 2011

she

Inside her castle she has no mirrors
No one to tell her she’s so pretty
Her words should belong in phrases
And those phrases could write books
She’s drowned in dictionaries but doesn’t understand when I say:
“You’re beautiful!”
Her life was taken by those who failed to believe
And has now a grey tone to it
She doesn’t need words
She needs love in the most raw shape of form
I wish I could hold her
And let her know
We aren’t all the same
Although we make mistakes
It’s not our goal to inflict pain
You deserve an all year sun
A landscape only found in paintings
The most melodic music
And someone that like me knows perfection
Even when it can’t be seen
I’m a pessimist you turned into optimistic
No matter how many times you say no
I always find a way to fall for your way of being
And yes I can firmly say I won’t forget you!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

assim...

sinto-me como se fosse
uma daquelas músicas
"apenas" instrumental
uma melodia harmoniosa
mas sem letra
faço parte de um filme
que ninguém viu
a preto e branco
empurrado para o fundo da prateleira
como tal
ninguém sabe de mim
passam pelo mundo tantas pessoas
conhecidos e desconhecidos
e eu?
sou só mais uma
entre tantas outras
ninguém me conhece
e eu?
eu não conheço ninguém
faço parte do passado
de quem ninguém se lembra
caminho ao teu lado
e tu nem me consegues ver
porque nasci assim
invisível
também nunca vou pertencer ao futuro
sou e sempre serei o presente
e nada mais do que o presente
assim...

terça-feira, 7 de junho de 2011

mas já...

O tempo parou quando te conheci
Os ponteiros giram em volta de si próprios
Mas as horas não passam
Os dias são mais longos
Multiplico tudo o que sei de ti
Por aquilo que quero saber
Até à minha frente se formar um mar infinito
De palavras, carícias e desejos por realizar
Perco-me nos nós do teu cabelo
Arrepia-me esse olhar que nunca consegui decifrar
Sinto-te nas palavras e sorrisos que me provocas
E tremo de medo de a ti não chegar
Preciso de ti
Canso-me de te querer sentir, o teu toque e o teu cheiro
Adormecer na fragilidade do teu olhar
Mas vivo num mundo abstracto
Sonho sem querer
O tempo perde-se
Entre as nuvens do destino que nos persegue
Como o sol num fim de tarde de inverno
E longe de ti afogo-me na incerteza do que sou…

sexta-feira, 20 de maio de 2011

amigos, amantes ou nada!

num mundo que desenhei só nosso
todos os outros são um obstáculo
uma encruzilhada que te obriga a escolher
a felicidade
que nunca vai ser a nossa
partilhamos tudo o resto
e fica pelo caminho um sentimento
grande demais
para caber dentro de mim
choro
não porque não te vou ter
mas porque sonhei que te tive
porque me entreguei a um sentir cego
que agora contigo ausente
me corrói por dentro como ácido
arde como gelo
me corta a pele
e me deixa em sangue
com a força de mil navalhas
a noite acolhe-me
e a ela confesso todos os meus pensamentos
até os que nunca partilhei contigo
ela apazigua-me
e vem silenciosa
como uma bala que me atinge
deixa-me dormente
e por momentos
sou quase feliz na ignorância de não saber o que sinto
até que amanhece outra vez
e volto a acordar a pensar em ti
e dou voltas desnecessárias dentro da jaula
onde me sinto presa ao que sinto por ti...

quinta-feira, 12 de maio de 2011

sonhos...

hoje voltei a sonhar contigo

mas foi diferente

melancólico até

a premonição de que talvez não o volte a fazer

fui até tua casa

embora não saiba onde fica

entrei pela porta da qual não tinha chave

e fui direita ao teu quarto

não me apercebi, mas tinha a certeza de que era teu

pelo caminho imaginei-te a percorrer outras divisões

abri a porta devagar, sem fazer barulho

e lá estavas tu, deitada

acordada mas quieta como se dormisses

olhaste para mim várias vezes

mas não me viste

eu toquei-te mas não me sentiste

lágrimas caíram-me pelo rosto

e secaram na roupa da tua cama

onde me sentei

voltei a olhar para ti

e deixei-te assim como te encontrei

despedi-me de ti

e acordei enrolada em memórias, palavras

e uma tristeza tão grande

que faz doer tanto como a tua ausência!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

waiting for forever...

hoje parece que me reencontrei com pessoas que já parecia ter esquecido
vi reflectido o meu olhar no delas
e senti
partilhei o sentimento de que o mundo talvez estivesse prestes a enlouquecer
ou então era apenas eu
ou nós
imaginei a possibilidade de nunca mais te ver
e perdi-me na impossibilidade de te ter
entre palavras
promessas que não poderão ser cumpridas
entre os sons de um piano que se ouve ao longe
e corações esculpidos em árvores
risquei o talvez
e mergulhei num mar de certezas
paradisíaco demais para acreditar que ele existe
chamem-me os nomes que quiserem
chamem-me louca
mas sei que o meu destino passa por caminhar na tua direcção
qualquer passo em falso
qualquer passo que me afaste de ti
é a negação de quem sou
e a morte de mais um pedaço de mim
só mais um engano, no meio de tantos que já cometi!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

nostalgia

a lua ilumina-me
e a noite aquece-me
no entanto, sinto-me doente
assalta-me uma nostalgia
que me deixa mal-disposta
reencontro todos os que me deixaram
e invade-me uma saudade
de quem ainda não conheci
os meus passos são contínuos mas vagarosos
protejo-me em sítios que me são familiares
mas continuo assustada
pela possibilidade de me encontrar a mim própria
de me perceber sozinha
à noite o sol não ilumina o rio
não dá luz às árvores
e a mim só me apetece fugir
esconder-me de memórias
que nem sempre me fazem sorrir
odeio-me por querer tanto esquecer
e no entanto não consigo
sentir ou ser de outra forma
anseio pelo teu abraço
a tua mãe entrelaçada na minha
mas quanto mais me apercebo
que não te quero perder
mais forte se torna a consciência
de uma caminhada solitária
onde só me acompanha
o que sinto cá dentro
onde povoada por sentimentos
respiro fundo e me preparo
para dar o primeiro do resto dos meus passos
indubitavelmente... sozinha

terça-feira, 29 de março de 2011

entre 26 e 28

deito-me na cama
mais uma vez
contra as almofadas
e fecho os olhos cansados
surges na minha cabeça
como se de lá nunca tivesses saído
à primeira imagem tua
sinto um arrepio
que me percorre por inteiro
sonho
mais uma vez acordada
e imagino-te aqui
comigo
ouço um silêncio ensurdecedor
esmagado pela força de palavras
que não são ditas
por gestos contidos
e surge esta vontade enorme de te ter
que me reduz a esta condição humana
sinto-me fraca demais
para lutar
contra este desejo
que me consome
sinto o calor dos teus lábios
nos meus
imagino a sua doçura
a tua mão na minha
coincide no tamanho
e apenas se consegue diferenciar
pelas linhas que a caracterizam
falta-me o teu abraço apertado
e acolhedor
um coração que bata
à mesma velocidade do meu
preciso da vertigem das horas
que passam rápido demais
dos momentos eternizados
entre minutos
que no meu relógio
parecem parar
acabo por cair aos teus pés
fazes-me falta...

segunda-feira, 28 de março de 2011

contrariedades

canso-me de dar voltas
pelos mesmos sítios
onde já passei vezes sem conta
assustam-me as pessoas
que nunca são as mesmas
só a lua
me aguarda pacientemente
só as estrelas
me acompanham
nesta viagem sem rumo
ou destino definido
paro várias vezes pelo caminho
para escrever
cansada de sentir
magoam-me os pés
e dói-me o coração
queimo-me mais uma vez no alcatrão
onde ando sozinha
sinto o vento
que só à noite pertence
invadir-me
e arrepiar a pele de que me visto
faço-lhe juras de um ódio eterno
quebradas pela memória
de uma vida sem ti
prometo não voltar a sentir
não dar de mim
a quem não me quer receber
e engano-me, mais uma vez
invadem-me sentimentos
demasiado vincados
e a consciência
de uma racionalidade inexistente
quero soltar as amarras
que me prendem a um cais
que não é o meu
quero liberdade
para não depender de ninguém
respirar...
mas sou tua!

terça-feira, 22 de março de 2011

ao luar

acordo ao teu lado
como se estivesses sempre comigo
nesta noite
iluminada apenas pela lua
e a ingenuidade escondida
por detrás de um brilho próprio
que não abandona
o meu quarto
que me prende
entre paredes e janelas
onde sou tua prisioneira

deixas-me respirar
entre raios de sol
e uma brisa que me devolve
os suspiros que te prometi
encontro-me
entre passeios à beira-mar
caminhos que percorremos de mãos dadas
enches-me de dúvidas
que não me importo de coleccionar
definições encontradas
em gestos

entre nós duas
ergueram-se vidas
estranhamente familiares
a ambas
seguimos pegadas na areia
que nos levam ao encontro
uma da outra
onde minutos
parecem horas que não passam
beija-me
devolve a este coração
o batimento exagerado
de uma paixão desenfreada
que não consegue ser explicada...

quinta-feira, 17 de março de 2011

24/7 - 127

dar valor ao que temos antes de o perder
pessoas, sentimentos, a natureza e tudo o que nos rodeia...
dizer a quem é de dizer: gosto de ti!
guardar memórias do que fizemos bem
e recordar
guardar memórias do que fizemos menos bem
e fazer por melhorar
não guardar ressentimentos nem rancores
riscar a palavra odeio-te do vocabulário
crescer
aceitar erros cometidos
por nós e pelos outros
sorrir...
e aceitar o destino
mesmo que não acreditemos nele!
fazer aquilo que nos dá prazer
e encontrar algo de positivo
no que nos custa levar a cabo
inventar palavras
recorrer a outros gestos
respirar fundo
e ver
respirar outra vez
só para que o ar entre
caminhar, correr, dançar
ao sol e à chuva
sonhar
e sentir...

terça-feira, 15 de março de 2011

não!

escrevo mesmo sem papel ou caneta
escrevo como respiro
e escrevo ao sabor de sentimentos
decoro palavras
que não me saem da cabeça
desde que entraste no meu coração
invento frases que nunca li
escrevo de dia
protegida pelo interior de um carro
onde me tranco
escrevo de noite
no escuro e no silêncio
assaltada pelo desejo de te ter
nem que seja em sonhos
e passam sons por mim
sons que não vejo
porque penso em ti
pessoas sem uma identidade definida
e sombras de várias cores
acorda-me a chuva
que bate suavemente na janela
como um sussurrar de palavras doces
aceito-a
sem medo de me molhar
de braços abertos
e com um sorriso
porque sei que não vais tardar a aparecer!

segunda-feira, 14 de março de 2011

animosidade

Em dias de chuva escolho-te a ti
Entre rostos de uma multidão que desconheço
E se ri para mim
Brilhas como o sol de inverno
E aqueces esta minha alma
Outrora fria e sem salvação
Encontro-te entre o aroma de velas que trago em mim
No meio da escuridão
Onde só tu me iluminas o caminho
Entre mares tumultuosos e navios naufragados

Não te quero inventar
Quero conhecer-te
E adivinhar-te
Dar-te a mão
Pegar na tua
Como se ela sempre tivesse sido minha
Quero que me pertenças numa noite sem sono
E que me devolvas um sorriso rasgado
Numa lágrima perdida

Não quero sentir a tua falta
Quero que me provoques
Com a maldade vã
Que se evapora
Entre as palavras que me segredas ao ouvido
Quero voar
Perder-te em gestos que te prendam a mim
E reencontrar-te num abraço apertado
Sentido

A tua beleza é uma hipérbole de emoções
Onde me inspiro
E escrevo estas palavras
Banais talvez
Ao lado do que sinto
Escrevo com o coração cansado
De bater por ti
De te procurar
No porto de abrigo que construí para nós

Sou indubitavelmente tua
A ti pertence-te
Uma ingenuidade mascarada
Com a alegria que me devolveste
Estes lábios que aguardam os teus
E um suspiro solto no ar
Entre promessas de uma vida inteira junto a ti…

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

imagens proibidas

tenho dificuldade em perceber certas imagens
admiro-as mas nunca as percebo totalmente
por vezes junto todas essas imagens
que me encadeiam
e crio uma história
um sonho quase perfeito
e respiro-o
como se o ar fosse remédio
e bebo-o
o mesmo álcool
que outrora curou feridas
ou deu luz à escuridão
inibo-me de mim mesma
e torno-me sociável
sinto o meu corpo
mais do que nos outros dias
mais do que é normal sentir
quando não se sente
e sento-me no escuro
sem teorias
nem uma ciência exacta
procuro (num esforço contínuo)
ser responsável por mim
e como tal
não devo responsabilidades a mais ninguém
vivo numa ignorância
que não consigo eliminar
e partilho-a
com todas as pessoas que passam na minha vida
em mudança constante
porque raramente somos a mesma pessoa
ao acordar
do que éramos quando nos deitámos
e como são dolorosas
as surpresas que não conseguimos evitar
a verdade é que
só podemos ser alguém quando não somos ninguém
a realidade é uma fantasia
e o amor um desengano
resta-nos a música
na sua fragilidade imensa
por isso
prefiro não saber o que os outros não sabem
já vem em demasia a informação
que mais valia nunca saber
agonia-me o poder da solidão
o facto de nem as nossa memórias nos pertencerem
levam-nos para onde não queremos
e encontram-nos onde não pedimos para ser descobertos
volto atrás
sonho mas quando acordo
as imagens que guardava desapareceram
e eu esqueci-as...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

insónias

as tuas palavras são como bombas
e o teu odor remete-me a um pomar
cheio de fruta em flor
é incrível como o mundo
está cheio de coisas que estão a mais
e o que não nos é banal
temos de procurar
como um tesouro...
suponho que tenha graça assim
mais uma partida
um trecho
ou a citação
de uma anedota de humor negro
curioso que tenhamos de andar às voltas
para encontrar
o que nos é indispensável
e tudo o resto
aquilo que preferimos ignorar
surge à nossa frente
no reflexo de um espelho
ou entre a paisagem
e rapidamente se torna familiar
deixa de nos incomodar
o que faz com que lentamente
deixe de fazer diferença
se acomode na nossa vida
sem querermos que desapareça
as tuas palavras são gentis
como uma carícia
mas o teu cheiro é nauseabundo
e incomoda-me...

sábado, 19 de fevereiro de 2011

the pursuit

hello innocence
would you care
if i said you're the only melody
i can't seem to forget
the one shadow
that follows me 'till the end of the night

it's a warning
i don't think i want you to go
so stay and cry with me
take a little time for me
when the music stops
will you still be here with me?

it's a mistery
will the morning come
with the sweetness of your voice?
or will i wake up alone
putting up together
the pieces of my lonely frame

i won't mind
if you're not here
no one will harm me
of that i'm clear
i'll remember everything
i thought my life was going to be
now all i do is forget
all the things i never achieved
the world is full of roads
and cars with no backseats

if you dare
take some time
and read through your mind
be in love with the blind
write a bitter song
be lost
until you're found
and smile in the meanwhile!

domingo, 13 de fevereiro de 2011

em fim...

se quisesse explicar o que sou
não sei
se quisesse explicar o que sinto
não consigo
abomino a fragilidade
que rodeia a minha vida
que abana a estrutura
onde em pé fico em desequilíbrio
tenho os pés molhados
das poças que me inundam por dentro
a chuva abundante
fria e desagradável
encharca-me a alma
e eu não sei nadar
caio em mim
e desfaço-me em mil pedaços
que não encaixam como um puzzle
tenho medo do amanhã
dos círculos que o vento dá à minha volta
estou perdida
mais uma vez
sem me encontrar
sinto a força de murros
no meu estomâgo
o ardor de unhas cravadas
na minha pele
o cheiro das lágrimas
e o sabor do sangue
sinto, enfim
tudo menos aquilo que queria sentir...

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Marias

os arrepios que a noite me provoca na pele
fazem-me crer que ainda estou viva
ainda respiro
e ainda tenho frio
mesmo que coberta de mantas de mil retalhos
gelam-me as mãos e os pés
como se não fossem os meus
como se não fizessem parte do meu corpo
deito-me na cama, nua
e afasto-me da janela
onde os estores até meio corridos
me deixam sonhar com uma vista
que não é a mesma de ontem
as minhas mãos estão mais vazias
a elas só pertencem
os comprimidos que me imagino a engolir
de olhos fechados
os copos de álcool sucessivos
que me arranham na garganta
e a deixam seca
encontro-me num labirinto
de ruas onde não passam carros
nem pessoas
onde não há parques de estacionamento
nem jardins
onde não há lugar para noites de verão
nem cigarros ardidos
uns depois dos outros
perdi-me no fumo
no verde do teu labirinto
que nunca foi nosso
entre danças
e a música que só eu ouvia
um ódio que só eu sentia
a luz da tua lanterna
só projecta sombras na escuridão
e já nem as chamas das fogueiras
têm cor
ou me dão calor
oferecem-me imagens desfocadas
raios de luz
e uma esquizofrenia inventada
que me faz alucinar
como um vício
de uma droga forte
que me prende
assim o fazes...
deixas-me atada de pés e mãos
a esta árvore de solidão
e fico lá até amanhecer
até acordar no meio do orvalho
livre
despida de ti!

sábado, 5 de fevereiro de 2011

um partir tão doce

queria ser a primeira a partir
queria proibir todos
(fossem quem fossem)
a partirem antes de mim
avisem-me por favor
quando estiverem para partir
porque quero antecipar-me a vocês
só segundos antes
não importa
não vos quero dar o prazer de acabarem comigo
de me matarem um pouco dentro de vocês
não quero esta fragilidade
que faz de mim prisioneira
que me faz estar sempre presente
não quero que me levem com vocês
deixem-me ir antes por favor...

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

carta: saudade de uma fúria feliz

olho para o branco das paredes que me rodeiam
recordo histórias de amor
e valorizo a ilusão das mesmas
sinto-me passar pela vida
rapidamente, sem tempo para ficar
ninguém sabe o que me acontece
porque ninguém me conhece
já perdi o medo de me perder
em labirintos por mim criados
a vida não é para viver sozinha
mas ainda assim sou capaz de o fazer
não tenho de fingir
posso gritar as vezes que eu quiser
e nem precisa de ser contra uma almofada
o meu corpo ocupa a cama
grande demais para estar vazia
falta-me companhia
mas fico mais sozinha
cultivo a solidão
estranhos como flores
num jardim florido mas sem cor
fecho os olhos
e ouço vozes
não passam disso
talvez apenas ecos dos meus próprios gritos
é um mistério
se continuo a dar valor ao que não se pode comprar
se espero por quem por mim não espera
encadeia-me a luz do mundo
onde me sinto pequena
onde sei que não vou crescer

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

somos assim

não passamos de bichos
cheios de instintos e manias
o nosso corpo não obedece à nossa mente
e a nossa mente só obedece ao coração
fazemo-lo com medo do tédio
de bocejar de sono ou cansaço
gostamos do que nos faz mal
e vemos a história a repetir-se
como se fossemos um qualquer espectador
entediado com o desenrolar dos acontecimentos
e damos voltas à volta de nós mesmos
na esperança de ver algo
que nos desperte a atenção
na esperança que a paisagem mude
crescemos, surpreendentemente, neste ambiente
por vezes cheios de dores de cabeça
obrigamos o corpo a um esforço
a que ele naturalmente cede
e zangamo-nos com os amigos
com os desconhecidos
com quem nos ama
e com quem desconhece o que é amar
zangamo-nos connosco próprios
porque nos zangámos
e vivemos
acumulamos memórias
fotografias mentais
às vezes de cenários idealizados
outras vezes, amores e dores
pessoas das quais sempre nos lembrámos
sem saber bem porque

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

HAPPY

o ser humano é um ser evoluído
já não tem que se preocupar se faltarem lápis
já não precisa de inventar papéis
tem tudo à distância de um toque
não vem com manuais
e muitas vezes ao longo da sua vida
altera as definições
faz "updates"
já invejei, confesso
a simplicidade dos "gadgets" com que me rodeio
e sei que há mais quem pense assim, como eu
seria fácil controlar-me à distância de um "clic"
colocar em mim um simples "não incomodar"
enquanto me dedicava a uma espécie de hibernação interior
chamem-me os nomes que quiserem, que houver para me chamarem
mas admito que em alguns momentos da minha espécie de vida
gostaria de fazer "pause"
evitar situações embaraçosas
ignorar perguntas idiotas
como uma qualquer lâmpada ter direito a um "on/off"
mas o único descanso a que temos direito
equivale quase sempre a umas horas de sono
(na sua grande maioria escassas)
e quando acordamos
volta a vida connosco
os problemas
e os filmes que queríamos que tivessem chegado ao fim
mas que ao que parece são daquelas sagas intermináveis
e nem a pipocas tivemos direito
sim, é certo que por vezes hiperbolizamos
o que se passa à nossa volta
outras vezes, o filme é mesmo um drama
e o único intervalo a que temos direito
é quando morre a personagem principal
sou adepta de finais inesperados até trágicos
o que de certo modo não ajuda à tristeza que sinto
aos dias mais sombrios
onde todos os pensamentos vão dar a um beco sem saída
mas rodeio-me dos poucos amigos que julgava não ter
penso no prazo de validade dos estados de espírito
e envolvo-me em clichés do tipo: "o tempo cura tudo"
não abdico de um egoísmo saudável
respiro fundo
e dou as boas vindas a um novo amanhecer!

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Domingo

mais uma vez sou assaltada pelas saudades do desconhecido
do que não vivi
das palavras que nunca me disseste
mas que ainda assim as ouvi
ouço a canção que me dedicaste
e que demorei algum tempo a perceber porquê
estarei a ficar demente ou estarás tu realmente aqui?
são tuas as mãos frias que despem
este corpo quente de te sentir
é teu o aroma que rasga
esta alma dormente e febril
serão teus os poemas que leio
e enchem a minha cabeça de sonhos
ou invento prosas e rimas
na busca de sentimentos novos
não te quero deixar ir
pois sei que demoras a voltar
o caminho é longo
e a noite infinita...
prendo-te antes em mim
com laços de fita em cetim
quero perceber o teu corpo
e memorizar-te no fim
mas insistes em fugir
e deixar em minha companhia a saudade
e a angústia de te ver partir
traz de novo a crueldade
de um fim de dia chuvoso
em que nem as folhas podemos partilhar
só caem do céu as lágrimas
que na minha pele se querem secar

domingo, 30 de janeiro de 2011

28

os dias passam e sem que consigas perceber
passam semanas, meses, anos
os minutos alternam-se entre sorrisos e lágrimas
entre um "odeio-te"
e um "quero-te aqui"
ainda que permaneças no teu castelo
os muros não prendem o teu aroma
o teu riso prolonga-se no ar
e o teu toque é trazido pelo vento
arrepia-me a pele e aquece-me
como se estivesses sempre junto a mim
como se nunca tivesses partido
como se o meu coração nunca tivesse sido partido
mas não passa de um sonho
ainda são precisos percorrer quilómetros
atravessar o mar
perceber as pontes
e adivinhar-te a ti
acima de tudo magoar-me a mim
e pelo caminho vou negligenciando
outros desejos
desprezando necessidades de afecto
afastando-me do calor humano
de uma boca que não é a tua
de uns lábios que não são os teus
de um toque áspero
que as minhas mãos repelem
porque não me relembram o teu jeito suave
porque não me envolvem como tu o fazias
por não seres tu...

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

preferidos

não somos senão uma casa com a porta aberta
constantemente invadida
por pessoas que não conhecemos
nem se dão a conhecer
somos tristes
carregamos dor
como o mês de inverno carrega o frio
e escrevemos
apenas para nos livrarmos
dos fantasmas que se deixaram ficar para trás
quando estamos sós
sentimos que o mundo escapou
e que não merecemos ninguém
porque nem nos merecemos a nós
percorremos com imaginação
tudo menos o que aconteceu
e o tempo passou por nós
uma vez mais indiferente
não percebes que aguentamos o silêncio
precisamos dele
como tu precisas de desabafar
de passar horas sentada
a escrever coisas
que depressa deixam de fazer sentido
não merecias fugir
das coisas que estão dentro de ti
dentro de nós
mas não te vamos pedir para ficar...

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

tirania

não gosto das tuas qualidades
elas aborrecem-me, são entediantes
gosto do que é teu
gosto de ti
gosto dos teus defeitos
não há nada de mais genuíno
do que aquilo que não é aprendido
do que aquilo que não muda
o que nem sempre dás a conhecer
mas que é tão teu
mais teu do que aquilo que me faz sorrir
gosto que me dês atenção
mas adoro que me desprezes
que me corrijas
que me faças sentir que não te mereço
que sou insuportável...
podias-me contar uma história
que não fosse a minha...
tenho saudades
saudades dos dias antes do dia chegar
tenho saudades do medo
da liberdade que sentia
a intoxicação de sentimentos
e da dor
e de sobreviver
e de dizer que tinha saudades de ti

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

muito, meu amor 2.

estou deitada, de olhos fechados
sinto a relva por debaixo de mim
a humidade da terra
e o peso do mundo
abro os olhos
e só existe céu
onde passeiam nuvens à deriva
e pergunto-me: onde estou?
as horas passam e pesam em mim
no meu coração já não há lugar para os minutos
nem lugar para ti
não tens culpa de ainda te procurar em mim
de me ferirem palavras vãs
de ouvir o teu nome e não saber de onde vem
faz-me falta um abraço
um poço onde secar estas lágrimas que não caem
onde te procuro mas só me encontro a mim
por mais pequeno que seja o mundo
por maiores que sejam as janelas
encontramo-nos no meio
entre lembranças
sentimentos esquecidos, apagados, cansados
encontramo-nos entre expectativas e decepções
entre um amor que partiu e outro que não volta
e deixamo-lo morrer... até ao fim sem o merecer

muito, meu amor 1.

os teus olhos brilham mais do que as estrelas no céu
e as tuas lágrimas reflectem mais do que o luar
os teus lábios são doces e macios
e o teu sorriso, a melhor parte do meu dia
penso em pétalas de rosa
de um vermelho tão negro, tão sentido
que não consigo encontrar o fundo
penso em palavras que caiem do céu
que as sopra o vento
em palavras sem sentido gravadas na minha alma
e num papel qualquer
outrora perdido
penso em tanta coisa
e não penso em nada em concreto
trago-te em mim
na ponta da minha língua
tenho sede
mas anseio por ti
só tu me ocupas dos pés à cabeça
és o ar que foi
e que volta mas diferente
vazio...

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

patinho feio

Arrisco-me a dizer que quase toda a gente conhece a história, mas não é a minha ideia contar-vos a história, longe de mim, mas disseca-la e quem sabe dissertar um pouco sobre a mesma… Não em termos de moral, para além de isso já ter sido feito por uma percentagem relativamente grande de pessoas por esse mundo fora em todas as línguas possíveis e imaginárias, quem sou eu para o fazer?
Mas recordemos as personagens principais:
O patinho feio – que pode ser personificado por qualquer um de nós, quer seja por sermos ou por nos acharmos feios, maus, diferentes ou simplesmente por não encaixarmos nos padrões impostos pela sociedade, também conhecida por família mais próxima… E o que devemos ser é qualquer coisa diferente daquilo que somos, não devemos ser da maneira que nos faz feliz ou mesmo da que achamos estar certa, somente da maneira politicamente correcta que no futuro nos encaixará lá nos seus ideais.
O/os cisne/cisnes – uma vez mais podem ser personificados por nós, quando temos a sorte (ou não) de ser aquela pessoa que se acha o máximo e por conseguinte que acha que o mundo deve rodar à sua volta. Também e o mais comum na maior parte das vezes, é que seja personificado por alguém da tua família, do teu núcleo de amigos, colegas, um amante ou apenas conhecido. Normalmente o cisne é conhecido também por aquele que odiamos amar ou amamos odiar… (aparte: mágico como estas duas palavrinhas se encaixam tão bem uma na outra embora sejam totalmente opostas)
E partindo destas personagens colocam-se uma série de questões, entre elas: És um patinho feio ou um cisne? Poderás ser ambos? Quem gostarias tu de ser?
E como quase em todas as histórias de ficção ou da vida real, existem pelo menos duas versões diferentes para o mesmo enredo, que se prende substancialmente pela diferença na forma como estas acabam…
Serás tu o patinho feio, que não se identifica com aqueles que o rodeiam, que muitas das vezes se olha ao espelho e não percebe o que vê, que é triste, mal amado ou simplesmente sozinho?
Ou serás o cisne, que se rodeia de quem o admira por aquilo que ele é, que gosta de se ver ao espelho, de ser bonito e feliz?
Quem preferias ser? Ou poderás ter um bocadinho de ambos? Um cisne com alma de patinho feio ou um patinho feio com máscara de cisne?
É o patinho feio uma metáfora para tudo aquilo que escondes dos outros por não ser tão agradável à vista? Os pensamentos negativos, a baixa auto-estima, o medo de não ser aceite, de nunca ser feliz, de enfrentar a solidão num mar de multidão?
A verdade é que não importa quem és… O que realmente importa é o final que escolhes para a tua história… Vais ser o patinho feio que cresce e se torna num belo e maravilhoso cisne? Ou vais ser o patinho feio que cresce, aceita quem é e aprende a ver nos outros, pessoas iguais a si próprio?
Dá que pensar… Afinal de uma maneira ou de outra, por um período maior ou mais curto de tempo, houve, há ou vai haver uma altura na nossa vida em que nos vamos sentir como um patinho feio!

sábado, 22 de janeiro de 2011

you'll never walk alone

Dou por mim por vezes a querer ser autista
Ouvir e memorizar sons
Ver e perceber cores
Valorizar tudo o resto que me rodeia em detrimento de afectos
De alguma forma, sinto que sempre fui assim...
Diferente ou apenas tímida e reservada
Capaz de dar e receber afecto
No entanto, como que fechada em mim própria
Quando me pedem mais do que consigo dar
Quando é necessária intimidade
Talvez a vida fosse mais fácil se se limitasse a um conjunto de imagens
A um plano pré-definido
Um raciocínio lógico e determinado
Algo fácil de gerir e entediante portanto
A morte seria apenas um recordar
Um desenrolar de memórias em jeito de slide
Sem lágrimas, sem dor
Assim como quando morresse um amor
Continuaria a existir uma mente brilhante
Um conjunto infinito de portas a atravessar
Que te levariam por um caminho
Conturbado talvez mas seguro
Como um abraço...