segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Domingo

mais uma vez sou assaltada pelas saudades do desconhecido
do que não vivi
das palavras que nunca me disseste
mas que ainda assim as ouvi
ouço a canção que me dedicaste
e que demorei algum tempo a perceber porquê
estarei a ficar demente ou estarás tu realmente aqui?
são tuas as mãos frias que despem
este corpo quente de te sentir
é teu o aroma que rasga
esta alma dormente e febril
serão teus os poemas que leio
e enchem a minha cabeça de sonhos
ou invento prosas e rimas
na busca de sentimentos novos
não te quero deixar ir
pois sei que demoras a voltar
o caminho é longo
e a noite infinita...
prendo-te antes em mim
com laços de fita em cetim
quero perceber o teu corpo
e memorizar-te no fim
mas insistes em fugir
e deixar em minha companhia a saudade
e a angústia de te ver partir
traz de novo a crueldade
de um fim de dia chuvoso
em que nem as folhas podemos partilhar
só caem do céu as lágrimas
que na minha pele se querem secar

Sem comentários: