sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

carta: saudade de uma fúria feliz

olho para o branco das paredes que me rodeiam
recordo histórias de amor
e valorizo a ilusão das mesmas
sinto-me passar pela vida
rapidamente, sem tempo para ficar
ninguém sabe o que me acontece
porque ninguém me conhece
já perdi o medo de me perder
em labirintos por mim criados
a vida não é para viver sozinha
mas ainda assim sou capaz de o fazer
não tenho de fingir
posso gritar as vezes que eu quiser
e nem precisa de ser contra uma almofada
o meu corpo ocupa a cama
grande demais para estar vazia
falta-me companhia
mas fico mais sozinha
cultivo a solidão
estranhos como flores
num jardim florido mas sem cor
fecho os olhos
e ouço vozes
não passam disso
talvez apenas ecos dos meus próprios gritos
é um mistério
se continuo a dar valor ao que não se pode comprar
se espero por quem por mim não espera
encadeia-me a luz do mundo
onde me sinto pequena
onde sei que não vou crescer

Sem comentários: